A minha vida inteira eu viajei muito. Desde que me entendo por gente entrar e sair de um avião eram sinônimo de feijão com arroz pra mim.
Cresci falando duas línguas em casa, cresci em duas cidades. Durante o ano, era o Rio de Janeiro, o privilégio. A praia, o sol, a cidade maravilhosa. E, nas férias, Buenos Aires, o quintal de casa. Começava as frases em português e terminava em espanhol (ou melhor, en porteño)…
Como viajar fazia parte da minha rotina, tive a oportunidade de visitar muitos lugares. No Brasil e fora do Brasil. E de aprender tudo o que eu podia em cada pedacinho de terra nova que eu pisava.
Aprendi inglês como nativa, me atrevi a aprender francês. Aprendi que sou muito atrevida, não tinha vergonha de tentar. Me comunicar bem era uma necessidade pessoal, uma questão de S O B R E V I V Ê N C I A.
Lá pelos meus 20 anos, tinha planos de ir para a Europa estudar. Mas, fui parar nos EUA. E fiquei fora seis anos.
No primeiro ano morei no meio-oeste, numa cidadezinha próxima a Chicago, um típico ‘college town’ americano. E depois, na California. Cinco anos inteirinhos estudando na California.
Estudei, trabalhei, terminei o que fui fazer lá e voltei pro Brasil.
E nunca mais fui a mesma pessoa.
Viver fora do país da gente muda tudo. Muda o jeito de pensar, o jeito de lidar com a vida, de tratar as pessoas, de se relacionar.
É uma experiência extraordinária.
É você que chega. E tem que aprender a conviver com outras culturas, com outras formas de viver e de pensar.
“Resetar” o jeito em que está acostumado a fazer as coisas. E aprender novos jeitos.
Fica mais aberto, mais flexível. Se adapta mais fácil, fica mais descolado.
Sente saudades, sofre um pouco com as diferenças e as novas informações. Sente falta dos cheiros, da comida, da paisagem.
E, passa a entender melhor quem você é, o lugar de onde você veio e o que você realmente valoriza.
Como me disse um amigo espanhol muito querido há anos: o mundo é muito grande pra gente passar o resto da vida na cidade onde nasceu.
Eu nunca mais parei…