
Assim como há mitos, também há verdades sobre estudar no exterior que ninguém conta. Vale a pena conhece-las antes de partir!
No último post, falamos sobre os mitos que ouvimos por aí quando expressamos a nossa vontade de estudar no exterior. Falsas verdades que podem atrapalhar os seus sonhos.
No entanto, existem algumas verdades verdadeiras sobre a experiência de estudar fora do Brasil. Coisas que ninguém conta sobre a experiência internacional, que você só fica sabendo porque já foi.
Estudar no exterior é bárbaro, mas nem tudo são flores. Por isso é tão importante estar bem preparado antes de partir e conversar com pessoas que já passaram pela experiência. Confira.
1. As diferenças culturais são grandes
Sim, é verdade. Você vai ficar um pouco perdido quando chegar no seu destino e deve ficar atento às novidades. Cada país tem um código de conduta diferente. Alguns são mais abertos à proximidade física, outros menos. Como me disse uma amiga quando eu cheguei nos Estados Unidos, não é melhor nem pior, é diferente e você precisa se ajustar. Lembre-se de como se comporta quando chega pela primeira vez na casa de uma pessoa, você não vai até a cozinha e abre a geladeira, certo? Pois é, essa mesma cerimônia inicial faz parte da sua chegada a uma universidade internacional. Procure entender e absorver as regras. Com o tempo também vai poder mostrar sua forma de ser.
2. A independência às vezes cansa um pouco
Nós, brasileiros, estamos muito mal-acostumados com conforto. De um modo geral, sempre alguém faz as coisas por nós – a comida, roupas e tarefas domésticas. Isso quando não contratamos pessoas para resolver nossos problemas. Pois é, tudo isso vai mudar logo que aterrissar. Da sua chegada até a partida, você ficará responsável por cuidar das suas coisas. De tudo mesmo. Para não ficar chateado com o assunto, organize sua vida da melhor maneira possível. Assim a autonomia e a independência se tornarão orgânicas, como se você nunca tivesse vivido de outra forma.
3. Ser estrangeiro não é fácil
Nem um pouco. Vai ser lembrado disso sempre, por ter hábitos diferentes, pelo idioma, pelo jeito de ser. Às vezes é um pouco chato, especialmente quando passamos tempos prolongados fora do país. Mas nunca é impeditivo, porque a quantidade de estrangeiros em todas as terras internacionais é imensa. Fique atento para isso não levar você a se fechar em um grupo de brasileiros ou para permanentemente pontuar as diferenças. Lembre-se, não tem melhor ou pior. Tem o diferente e esse é o seu desafio.
4. Quero o meu feijão com arroz!
Os paladares são outros, é verdade. Eu que nunca comia feijão com arroz no Brasil, senti falta disso de uma maneira tão forte que aprendi a cozinhar. Fazia nossas comidinhas com frequência, só para saciar os meus desejos. Ao mesmo tempo, aprendi a incorporar novidades em meu cotidiano. Do país onde estava vivendo e dos países de meus colegas de curso, que volta e meia cozinhavam coisas das suas terras. Esse é o encanto de viver fora: aprender a viver.
5. Não acho graça nas piadas e não consigo fazer ninguém rir
Esse é um sentimento meio estranho mesmo, mas é porque você ainda não dominou completamente o idioma. Para conseguir fazer alguém rir é preciso conhecer as nuances da língua. Há graça em todas as partes do mundo, pode ter certeza. Leia mais no idioma do país onde está estudando, assista filmes e seriados sem legenda, mergulhe na sua experiência internacional. Daqui há pouco, alguém vai contar uma piada e você vai morrer de rir. Lembre-se, a adaptação leva um tempo e envolve muitos detalhes, seja generoso consigo mesmo.
6. Minha língua está dando um nó, preciso falar português
Mesmo para quem é muito fluente em um outro idioma, passar o dia todo falando uma língua que não a sua é um desafio. E tem horas, especialmente quando estamos cansados, que parece que a cabeça vai explodir. Você ouve a sua voz, mas não se reconhece. Ainda bem que a internet existe, não é mesmo? Assim pode assistir programas, filmes e seriados em português enquanto estiver fora. Também pode falar sozinho, ler poemas ou textos em voz alta e fazer sua cabeça parar de rodar. Isso não quer dizer que está com dificuldades de adaptação. É absolutamente normal.
7. Aprender a cultura local é fundamental
Quanto mais você puder mergulhar na sua experiência internacional melhor. Procure fazer amigos locais e divertir-se com eles. Saiba onde vão e quais são os seus hábitos, seja curioso. Aprenda a viver como um local e faça da cidade onde estiver vivendo a sua casa, mesmo que temporariamente. Dedique-se a isso. Com o tempo vai perceber como isso é apreciado e respeitado pelos que te cercam. Sua abertura e empatia darão espaço para você também poder contar sobre as suas origens. Esse movimento é muito gratificante, vai perceber isso.
8. Não sei mais de onde sou, perdi minha identidade
Não perdeu mesmo, talvez esteja vivendo a síndrome de se tornar um cidadão do mundo. Brasileiro, mas global. Isso é maravilhoso, quer dizer que incorporou bem a cultura do lugar onde está vivendo. Sim, é possível que sinta o incômodo de ouvir de outros brasileiros que está demasiadamente aculturado. Mas e daí, não há nada de errado com isso. Assuma essa dualidade e aproveite essa riqueza, amplie o seu repertório. Você só tem a ganhar com isso.
9. A volta é mais difícil que a ida
Certamente, mas ninguém fala muito nisso. Quando você vai estudar no exterior, as novidades são tantas que não dá tempo para pensar. Tudo é muito rápido, você nem percebe o que está acontecendo. Há um encantamento maravilhoso na chegada, como se estivesse cumprindo as suas expectativas, uma a uma.
Mas na volta, tudo é estranho. É que na sua cabeça você congelou um momento que ficou para trás. Acha que vai encontrar tudo exatamente onde deixou, mas isso não é real. Assim como você, as pessoas seguiram suas vidas, viveram novas conquistas, perdas ou criaram novos caminhos para si. Elas também têm novidades para contar. Tenha paciência no seu retorno, especialmente com você mesmo. Chegue devagar, não pense que a sua experiência foi melhor ou mais importante que a dos outros.
Quando você for estudar no exterior, vai sair completamente de sua zona de conforto. Vai mudar muito e verá o mundo de uma maneira diferente. Viva essas verdades de peito aberto, incorporando-as à sua bagagem, torne-se um cidadão do mundo.
Andrea Tissenbaum, a Tissen, escreve sobre estudar fora e a experiência internacional. Também oferece assessoria em educação e carreiras internacionais.
Entre em contato: tissen@uol.com.br
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